sexta-feira, 26 de março de 2010

Queridos leitores

Em mais um episódio da minha recém-renascida vida acadêmica, passei por um aprendizado valioso que não poderia deixar de compartilhar. Se você adora ler e devora qualquer tipo de literatura sem amarras ou preconceitos, cuidado! Não afirme isso em público, principalmente se a platéia for formada por pseudo-cults ou criaturas que tenham um currículo lattes maior do que o de Sócrates, Platão ou Aristóteles, sob pena de ser tachado como portador de uma intelectualidade vaga e superficial.

Definitivamente, Paulo Coelho ("O Alquimista"), Dan Brown ("Código da Vinci") e J. K. Rowling ("Harry Potter"), são os autores com quem você jamais pode admitir qualquer tipo de relação, pois, piores que os best sellers, somente os livros de auto-ajuda e os romances estilo Júlia e Sabrina. Isso pode custar a integridade de sua inteligência e olhares acusadores que transparecem a dúvida se você ingressou no mestrado por mérito próprio ou devido a favores de terceiros.


Aqui, só entre nós, confesso que pequei e várias vezes já me deleitei, me diverti e chorei com as páginas de alguns dos livros que constam a lista dos mais vendidos. Não me orgulho disso, mas também não me arrependo, porque qualquer leitura é válida. Mesmo que não possa acrescetar conteúdo profundo e blá, blá, blá, pelo menos permite desenvolver a capacidade crítica e, a partir daí, a possibilidade de amadurecer e refinar o gosto. Na minha opinião (que os teóricos e professores não me leiam!), literatura boa ou ruim é uma questão de ponto de vista.


Depois da fase da Turma da Mônica, da Revista Capricho e dos jornais de domingo, comecei com Paulo Coelho (não contem pra ninguém), e, aí, percebi que as leituras obrigatórias do ensino médio não eram tão ruins assim. Pelo contrário, notei que, perto do mago, Machado de Assis, Eça de Queriroz e até o Guimarães Rosa foram verdadeiros gênios.


Foi assim que me tornei uma ávida leitora de clássicos, tão valorizados pela academia. Isso não me impede de dar uma escapulida de vez em quando à lista dos best sellers. Ainda que tais leituras não mudem a minha vida, é possível encontrar entre elas um ou outro talento promissor que garanta emoções fugazes e horas agradáveis de solta imaginação.


A seguir, uma lista com os livros que mudaram a minha vida, não necessariamente nessa ordem. Alguns são clássicos, outros nem tanto assim.


1 - Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Márquez

2 - Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

3 - Dom Casmurro - Machado de Assis

4 - Primo Basílio - Eça de Queiroz

5 - O crime do Padre Amaro - Eça de Queiroz

6 - Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

7 - O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder

8 - O homem feito - Fernando Sabino

9 - Budapeste - Chico Buarque

10 - Grande Sertão Veredas - Guimarães Rosa


E você? Quais os livros que valeram a pena?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ai

Há tempos não vivia dias como os que tenho passado ultimamente. Uma rotina dura, cansativa, esmagadora: trabalhar, estudar, estudar, trabalhar... Parece que tenho deixado de lado as sandálias, afinal! De repente, é como se os únicos momentos que tenho para relaxar são a hora do banho e quando volto pra casa, ouvindo música ao volante (e isso só quando o trânsito de uma Belém que já está ficando pequena para a quantidade de carros que possui em circulação não me deixa louca)!!
Essa semana, muito me assutou a previsão de uma professora que, em sala de aula, falou que vida acadêmica e vida pessoal definitivamente não podem ocupar o mesmo corpo humano no espaço. "Lista de supermercado e referências bibliogáficas são duas coisas que realmente não co-existem", disse. E eu sou o tipo de pessoa que acredita facilmente no que as outras pessoas dizem... "As meninas que fazem mestrado não se casam, os meninos que fazem mestrado não se casam, e, os seus únicos e melhores amigos passam a ser os livros", profetizou.
Isso me provocou um arrepio na espinha e uma dor aguda nas entranhas que se manifestou em um quase inaudível, mas que em muito sintetizou o que senti: AI!
E eu que sempre tive uma boa relação com os livros...
Começo a apresentar sintomas estranhos: um certo olhar vidrado, um embaralhamento de ideias, esquecimentos múltiplos e constantes, uma diminuição considerável das minhas horas de sono e uma falta de tempo crônica. Tudo isso por causa de páginas e mais páginas, frases e mais frases, parágrafos e mais parágrafos, palavras, palavras, palavras... Teorias diversas, conceitos escabrosos, postulados, formulações... Agora, leio romances por obrigação e não por lazer, e, ao invés de um por mês, cinco por semana.
Foram só duas semanas de aula até agora e já deu pra perceber que, realmente, o negócio não é mole, não! Nada de pudins pelos próximos dois anos...
Portanto, não estranhem se eu andar ausente dessas paragens. O sacrifício será por uma boa causa: uma tentativa, que prevejo extenuante, de pesquisar e entender a blogosfera, meu objeto de estudo. Se as forças positivas do universo assim permitirem, o esforço resultará em uma vasta, interessante e promissora dissertação de mestrado.
Só espero, depois disso, não acabar como uma solteirona seca, com olheiras, rugas, poucos amigos, citando Foucault em qualquer bate-papo de esquina e incapaz de fazer umas inofensivas compras de supermercado...
AI!